Uma operação conjunta entre a Polícia Militar Ambiental, a Defesa Agropecuária de São Paulo e o Grupo de Atuação Especial de Defesa do Meio Ambiente (GAEMA) do Ministério Público desmantelou um esquema de adulteração de leite no interior paulista.
Batizada de Operação Lac Purum, expressão em latim que significa “leite puro”, a ação foi coordenada pela 4ª Companhia da Polícia Ambiental de Marília e teve como foco propriedades rurais nas cidades de Oscar Bressane, Assis, Lutécia e Platina.
Segundo as investigações, os envolvidos adicionavam produtos químicos ao leite cru com o objetivo de mascarar a deterioração natural e prolongar o prazo de validade, o que tornava o alimento impróprio e potencialmente nocivo ao consumo humano.
A operação mobilizou 42 policiais militares e seis agentes da Defesa Agropecuária, que cumpriram dez mandados de busca e apreensão simultaneamente em diferentes municípios. Em uma das propriedades, na zona rural de Platina, foram apreendidos cerca de 200 litros de leite suspeito, além de equipamentos utilizados na manipulação do produto.
Durante as diligências, os agentes também encontraram armas de fogo e munições, algumas deflagradas. Em outra fazenda, foi lavrado um auto de infração ambiental no valor de R$ 8.450,00, após a constatação de danos em área de preservação permanente (APP) e irregularidades na criação de gado.
Para as autoridades, as evidências apontam para uma rede de práticas ilegais interligadas, envolvendo desde a adulteração de alimentos até crimes ambientais e posse irregular de armas.
O GAEMA, núcleo do Ministério Público especializado em crimes ambientais e agroindustriais, deverá conduzir a próxima fase das investigações, que pode resultar em denúncias criminais contra os responsáveis.
A Defesa Agropecuária recolheu amostras do leite apreendido, que serão analisadas em laboratório para confirmar a presença de substâncias químicas adulterantes.
As autoridades destacam que a operação tem caráter preventivo, educativo e repressivo, uma vez que a adulteração de leite é considerada crime grave, punível com reclusão de dois a cinco anos e multa, conforme o artigo 272 do Código Penal Brasileiro.
O caso acende um alerta sobre a necessidade de rastreabilidade e fiscalização rigorosa na cadeia produtiva do leite, um dos alimentos mais consumidos no país.
A região de Marília, uma das principais produtoras de leite do estado, volta a ser centro de atenção ao debate sobre segurança alimentar e responsabilidade sanitária, especialmente em pequenas e médias propriedades rurais onde a fiscalização enfrenta desafios logísticos.